quinta-feira, 26 de abril de 2012

Repórteres de Guerra


Titulo Original: The Bang Bang Club
Gênero: Drama
Duração: 106 min.
Origem: Canadá e África do Sul
Direção: Steven Silver
Roteiro: Steven Silver e João Silva
Distribuidora: Paris Filmes
Censura: 14 anos
Ano: 2010
     
 Em 1993 uma foto chocou o mundo: mostrava uma criança sudanesa prestes a morrer, curvada, e próximo a ela, um abutre, esperando pacientemente sua presa. A fotografia, batida pelo fotógrafo sul-africano Kevin Carter, recebeu um Pullitzer no ano seguinte.  Mas fez surgir também questionamentos sobre a atitude de Carter após a conclusão do trabalho: será que ele deveria ter feito alguma coisa para ajudar a criança? A situação o levou, tempos depois, a cometer suicídio. Ele fazia parte de uma equipe de fotógrafos, composta também por Greg Marinovich, João Silva e Ken Oosterbroek e que ficou conhecida como The Bang Bang Club, devido a coragem e ousadia demonstradas na realização de seu trabalho na África do Sul. O grupo cobriu as primeiras eleições livres daquele país, após o fim do regime de Apartheid. O filme, dirigido por Steven Silver é baseado no livro The Bang Bang Club, escrito por Greg e João Silva. Somos apresentados à dura realidade dos fotógrafos que trabalham na zona de guerra, destacando-se a frieza dos profissionais, em alguns momentos, frente às difíceis cenas de violência presenciadas. O longa mostra também a triste situação da população local que conviveu com os conflitos durante muito tempo. Repórteres de Guerra, em alguns momentos, lembra um documentário. Característica bem conveniente, principalmente para as cenas dos conflitos. Ponto positivo para o diretor que já realizou alguns documentários e que foi premiado por seu The Last Just Man. Enfim, uma boa opção para quem gosta de filmes denúncia, que retratam de maneira convincente a realidade.

Veja o trailer


Foto polêmica, ganhadora do Pullitzer
Foto polêmica, ganhadora do Pulltizer


Curiosidades:

- Em 2010, João Silva perdeu suas duas pernas ao pisar numa mina, no Afeganistão, trabalhando para o New York Times.
- Greg Marinovich recebeu Pulitzer de Fotografia em 1991, pela cobertura de um assassinato cometido por apoiadores do  Congresso Nacional Africano a um homem que acreditavam ser um espião do Partido da Liberdade Inkatha.        

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Muito Além do Jardim


Nome: Muito Além do Jardim (Being There)
Ano: 1979
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Duração: 130 min.
Direção: Hal Ashby
Escrito por: Jerzy Kosinski, Robert C. Jones
Com: Peter Sellers, Melvyn Douglas, Shirley Maclaine, Jack Warden, Richard Dysart

Nos anos trinta, foi lançado nos Estados Unidos um modelo de teoria da comunicação batizado de Teoria Hipodérmica, chamado também de Teoria da Bala Mágica. Consistia na idéia de que uma afirmação lançada pela mídia seria imediatamente aceita e espalhada entre todos os receptores, em igual proporção, ratificando, nesse sentido, seu poder de manipulação. E justamente, ainda que guardadas suas devidas proporções, o filme Muito Além do Jardim, aborda, entre outros assuntos, a respectiva temática citada. Dirigido pelo diretor americano Hal Ashby, o longa conta a história de Chance Gardner, um homem ingênuo que passou toda a sua vida longe da sociedade, trabalhando como jardineiro em uma casa, onde seu único contato com o mundo é mantido através da tela de uma televisão. Mas chega o dia em que seu patrão morre e Chance se vê obrigado a sair da casa. Leva apenas suas roupas e um controle remoto. Isso mesmo: um controle remoto, o responsável por acionar-lhe o mundo exterior. Confuso e sem identidade, depara-se com uma nova realidade. Mas um incidente mudará por completo a sua história: distraído, é atropelado na rua por um automóvel, pertencente à Eve, esposa de um magnata da cidade chamado Benjamin Rand. Chance é levado para a mansão de Eve com o intuito de receber cuidados médicos. A partir daí, ele começa a cativar as pessoas em sua volta, inclusive o magnata e sua esposa. Na verdade, a experiência social mais profunda vivida por Chance, até o momento da morte de seu patrão, havia sido proporcionada, ironicamente, pela televisão. Suas idéias, seu intelecto, tinham como base o que recebera através do aparelho. Encontramos aí uma forte crítica a possível manipulação da sociedade provocada pela mídia. Torna-se difícil - até inevitável, diga-se de passagem - não comparar Muito Além do Jardim com outro conhecido filme, O Enigma de Kaspar Hauser ( veja crítica ), do diretor alemão Werner Herzog. Apesar de as histórias acontecerem em épocas e contextos sociais diferentes, seus protagonistas apresentam consideráveis semelhanças. Kaspar Hauser viveu boa parte de sua infância e juventude isolado da sociedade, morando em um porão durante quinze anos. Já Chance, como foi dito anteriormente, viveu também a maior parte de sua vida distante fisicamente da sociedade, mantendo contato com o mundo apenas através da televisão. A semelhança entre as histórias é confirmada justamente no momento em que os personagens saem da situação de isolamento e começam a descobrir uma nova realidade, transformando não só suas vidas, mas também a de outras pessoas. Muito Além do Jardim faz não apenas uma importante crítica a manipulação midiática, como também se revela uma excelente parábola moderna sobre a convivência em sociedade.

Curiosidades:


- Muito Além do Jardim foi indicado a dois Oscars: o de melhor ator (Peter Sellers) e ator coadjuvante (Melvyn Douglas).

- Os papéis principais foram bastante disputados por grandes atores de Hollywood, mas um singelo telegrama enviado por Peter Sellers ao escritor do filme deu a ele a grande oportunidade de assumir o papel de protagonista.