quarta-feira, 11 de abril de 2012

Muito Além do Jardim


Nome: Muito Além do Jardim (Being There)
Ano: 1979
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Duração: 130 min.
Direção: Hal Ashby
Escrito por: Jerzy Kosinski, Robert C. Jones
Com: Peter Sellers, Melvyn Douglas, Shirley Maclaine, Jack Warden, Richard Dysart

Nos anos trinta, foi lançado nos Estados Unidos um modelo de teoria da comunicação batizado de Teoria Hipodérmica, chamado também de Teoria da Bala Mágica. Consistia na idéia de que uma afirmação lançada pela mídia seria imediatamente aceita e espalhada entre todos os receptores, em igual proporção, ratificando, nesse sentido, seu poder de manipulação. E justamente, ainda que guardadas suas devidas proporções, o filme Muito Além do Jardim, aborda, entre outros assuntos, a respectiva temática citada. Dirigido pelo diretor americano Hal Ashby, o longa conta a história de Chance Gardner, um homem ingênuo que passou toda a sua vida longe da sociedade, trabalhando como jardineiro em uma casa, onde seu único contato com o mundo é mantido através da tela de uma televisão. Mas chega o dia em que seu patrão morre e Chance se vê obrigado a sair da casa. Leva apenas suas roupas e um controle remoto. Isso mesmo: um controle remoto, o responsável por acionar-lhe o mundo exterior. Confuso e sem identidade, depara-se com uma nova realidade. Mas um incidente mudará por completo a sua história: distraído, é atropelado na rua por um automóvel, pertencente à Eve, esposa de um magnata da cidade chamado Benjamin Rand. Chance é levado para a mansão de Eve com o intuito de receber cuidados médicos. A partir daí, ele começa a cativar as pessoas em sua volta, inclusive o magnata e sua esposa. Na verdade, a experiência social mais profunda vivida por Chance, até o momento da morte de seu patrão, havia sido proporcionada, ironicamente, pela televisão. Suas idéias, seu intelecto, tinham como base o que recebera através do aparelho. Encontramos aí uma forte crítica a possível manipulação da sociedade provocada pela mídia. Torna-se difícil - até inevitável, diga-se de passagem - não comparar Muito Além do Jardim com outro conhecido filme, O Enigma de Kaspar Hauser ( veja crítica ), do diretor alemão Werner Herzog. Apesar de as histórias acontecerem em épocas e contextos sociais diferentes, seus protagonistas apresentam consideráveis semelhanças. Kaspar Hauser viveu boa parte de sua infância e juventude isolado da sociedade, morando em um porão durante quinze anos. Já Chance, como foi dito anteriormente, viveu também a maior parte de sua vida distante fisicamente da sociedade, mantendo contato com o mundo apenas através da televisão. A semelhança entre as histórias é confirmada justamente no momento em que os personagens saem da situação de isolamento e começam a descobrir uma nova realidade, transformando não só suas vidas, mas também a de outras pessoas. Muito Além do Jardim faz não apenas uma importante crítica a manipulação midiática, como também se revela uma excelente parábola moderna sobre a convivência em sociedade.

Curiosidades:


- Muito Além do Jardim foi indicado a dois Oscars: o de melhor ator (Peter Sellers) e ator coadjuvante (Melvyn Douglas).

- Os papéis principais foram bastante disputados por grandes atores de Hollywood, mas um singelo telegrama enviado por Peter Sellers ao escritor do filme deu a ele a grande oportunidade de assumir o papel de protagonista.

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