sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Cavalo de Guerra


Diretor: Steven Spielberg
Elenco: Jeremy Irvine, Tom Hiddleston, David Thewlis, Emily Watson, Benedict Cumberbatch, Toby Kebbell, Peter Mullan, David Kross, Eddie Marsann, Geoff Bell, Niels Arestrup
Produção: Kathleen Kennedy, Steven Spielberg
Roteiro: Lee Hall, Richard Curtis
Fotografia: Janusz Kaminski
Trilha Sonora: John Williams
Duração: 145 min.
Ano: 2011
Gênero: Drama
Classificação: 12 anos

Lealdade, esperança e amizade tão fortes que nem a distancia e o tempo serão capazes de separá-los. Esta é a história de Albert e Joey, seu cavalo.
Albert (Jeremy Irvine) é filho de um pobre camponês, chamado Ted (Peter Mullan). Ele vive com o pai e a mãe Rose (Emily Watson) em uma fazenda alugada, propriedade do inescrupuloso Lyons (David Tewlis). E é num leilão que Ted compra Joey, por sinal, bem acima do preço que realmente vale. Na verdade a intenção era comprar um cavalo para os serviços de aragem, mas uma disputa com Lyons no leilão o fez adquirir o animal. Agora Ted está numa difícil situação: o pouco dinheiro que restou não dá para pagar o aluguel da fazenda. Ele recebe um ultimato de Lyons: se conseguir arar a terra em determinado tempo, terá mais um prazo para plantar, colher e assim pagar toda a dívida. Se não, será despejado com a família e perderá também o cavalo.
Albert decide treinar o animal. Depois de muita persistência e dificuldades ele consegue, enfim prepará-lo para o serviço. Em pouco tempo consegue arar toda a terra. Mas a chuva vem e leva toda a lavoura, deixando-os em situação difícil mais uma vez. Começa a primeira Guerra Mundial, e a situação obriga Ted a vender Joey para a cavalaria britânica. E é justamente aí que começa a longa e impressionante jornada do animal.

O ponto forte do filme é a boa fotografia de Janusz Kaminski. Conhecido por trabalhar com Spielberg em diversos filmes, entre eles A Lista de Schindler (1993). Kaminski faz um excelente trabalho, principalmente nas cenas de batalha.


É verdade que em alguns momentos Spielberg apela para o emocionalismo, como no início do filme, quando Albert presencia o nascimento de Joey. Mas essa é uma característica do diretor, muito utilizada, por exemplo, em O Resgate do Soldado Ryan (1998).
Não poderia deixar de falar na ótima atuação de Tom Hiddleston como o capitão Nichols. Mesmo sendo uma rápida participação, considero uma das melhores atuações do filme. Para quem não lembra, Hiddleston trabalhou no filme Os Vingadores (2012), fazendo o papel de Loki.
No mais, Cavalo de Guerra cumpre bem seu papel: contar uma bela história de forma simples e com muita emoção.

Veja o trailer 


quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Heleno

Diretor: José Henrique Fonseca
Elenco: Rodrigo Santoro, Alinne Moraes, Othon Bastos, Herson Capri, Angie Cepeda, Erom Cordeiro, Orã Figueiredo, Henrique Juliano, Duda Ribeiro
Produção: José Henrique Fonseca, Eduardo Pop, Rodrigo Teixeira, Rodrigo Santoro
Roteiro: José Henrique Fonseca, Felipe Bragança, Fernando Castets
Fotografia: Walter Carvalho
Duração: 116 min.
Ano: 2011
Gênero: Drama
Cor: Preto e Branco
Classificação: 14 anos
  
Apesar de ser baseado na vida de um dos mais polêmicos jogadores do futebol nacional, o filme Heleno – O Príncipe Maldito (2011) não fala especificamente sobre futebol. Ele foca no jogador fora dos gramados.
A primeira imagem que presenciamos é a de um Heleno (Rodrigo Santoro) abatido, internado numa clínica psiquiátrica. Ele observa recortes de jornais colados na parede, com reportagens e fotografias da época em que ainda jogava. Suas mãos, quase que sem força, rasgam os recortes, levando-os à boca. Seus tempos de glória não existem mais - foram devorados pela sífilis e pelo vício em éter e lança-perfume.
A história é contada através de flashbacks, alternando entre momentos na clínica e situações do passado. Presenciamos um Heleno arrogante, egocêntrico, de difícil convivência. Em contrapartida, era conhecido por sua inteligência e elegância. Galanteador, vivia rodeado por mulheres. Casou-se com Silvia (Aline Moraes), mas a conturbada relação a fez trocá-lo por seu melhor amigo, Alberto (Eron Cordeiro). 


Por sinal, Aline Moraes está bem apagada interpretando Silvia. Diferente de Santoro que nos brinda com uma excelente atuação. Para compor seu personagem, o ator teve aulas de dança, futebol, além de perder doze quilos. A diferença é visível se compararmos os diferentes momentos da vida de Heleno.


Outro ponto positivo é a bela fotografia, dirigida por Walter Carvalho. As imagens em preto e branco dão um tom diferenciado ao filme, remetendo-nos ao passado.
Dirigido por José Henrique Fonseca, Heleno  – O Príncipe Maldito recebeu elogios por onde passou. As revistas americanas The Hollywood Reporter e Variety publicaram críticas positivas, e seu filme foi comparado ao clássico Touro Indomável (1980) de Martin Scorsese.



Veja o trailer

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Fata Morgana(1970)


Direção: Werner Herzog
Elenco: Eugen Des Montagnes, James William Gledhill,Wolfgang von Ungern-Sternberg.
País de Origem: Alemanha
Ano: 1971
Duração: 1hs 13m 15s

Começa o filme. Na primeira cena, surge no horizonte um avião pousando lentamente em uma pista que poderia ser em qualquer aeroporto do globo. Quando a aeronave, enfim, consegue tocar o solo, a cena é cortada bruscamente. Outro avião aparece. Com o mesmo enquadramento da cena anterior, o avião pousa tão “rápido” quanto o anterior. Toca a pista e, mais uma vez a cena é cortada. Para desespero de quem está assistindo, surge outro avião. Enfim, ao todo, a cena se repete oito vezes. Este é Fata Morgana, um dos filmes polêmicos de Werner Herzog.
Lançado em 1970, ele é um misto de documentário e ficção. Seu título significa miragem. Na verdade, algumas cenas do filme parecem grandes miragens. A princípio, Herzog queria rodar uma ficção científica, mas ao iniciar as filmagens, jogou fora o roteiro. Literalmente. O filme não tem um enredo definido, fugindo assim à estrutura narrativa. Segundo a autora do livro Werner Herzog, O Cinema como Realidade, Lúcia Nagib, Fata Morgana se destina, a princípio, à fruição sensível, como a que exige a execução de uma peça musical. Diante disso, o uso da imagem aliada à música é essencial na obtenção do efeito desejado.O filme é dividido em três partes: Criação, Paraíso e A Idade de Ouro. Ele é narrado por Lotte Eisner, uma cineasta alemã pela qual Herzog nutria na época grande admiração.

Início do filme: Um avião pousa lentamente 
Influencia Brasileira
A obra de Herzog também sofreu influencia do cinema brasileiro. O Cinema Novo nos anos 60, com os filmes dos cineastas Ruy Guerra e Glauber Rocha, serviram de inspiração para o alemão. A busca por uma identidade, a luta contra o conformismo e a descoberta da própria realidade, foram pontos em comum compartilhados pelos cineastas dos dois países. A admiração pelos brasileiros foi tamanha que Herzog convidou Ruy Guerra para desempenhar um papel de destaque em Aguirre (1972).

Ruy Guerra nas gravações de Aguirre (1972)

Veja o trailer de Fata Morgana

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O Corvo(2012)


Diretor: James McTeigue
Elenco: John Cusack, Luke Evans, Alice Eve, Brendan Gleeson, Oliver Jackson-Cohen, Brendan Coyle, Pam Ferris
Produção: Marc D. Evans, Trevor Macy, Aaron Ryder
Roteiro: Ben Livingston, Hannah Shakespeare
Fotografia: Danny Ruhlmann
Duração: 111 min.
Ano: 2012
País: EUA/ Espanha/ Hungria
Distribuidora: Paris Filmes
Classificação: 14 anos

Ele não teve uma vida fácil. Quando tinha apenas um ano, seu pai foi embora. Logo depois sua mãe viera a falecer, sendo ele e os outros dois irmãos acolhidos por outra família. Aos 18 anos fora expulso da universidade devido à sua vida boêmia. Tentou carreira militar, mas também acabou sendo dispensado. Mais adiante, depois da morte da mãe adotiva, fora morar com uma tia viúva. Apaixonara-se pela prima, Virgínia, casando-se com ela logo em seguida. Mas o tempo reservara-lhe mais uma dor: Virgínia adquiriu tuberculose, vindo a falecer pouco depois. 
Esta vida marcada por tanto sofrimento refletiu profundamente na obra de um dos maiores escritores da literatura americana: Edgar Allan Poe. E é justamente em torno da sua obra que gira a trama de O Corvo.
No ano de 1849, um serial killer passa a assombrar a cidade norte-americana de Baltimore. Suas vítimas são selecionadas tendo como inspiração os contos de Edgar Allan Poe (John Cusack). A situação piora quando o criminoso decide raptar sua noiva, Emily (Alice Eve), enterrando-a viva. Poe se une ao detetive Emmett Fields (Luke Evans) numa intensa luta contra o tempo: cada pista encontrada tem certa relação com alguma de suas obras.


Um dos pontos fracos do filme é a pífia atuação de John Cusack, que não consegue captar e expressar toda a profundidade exigida pelo seu personagem. Por sinal sua participação no longa fora ofuscada pela boa atuação de Luke Evans. Outro problema é a forma como a história foi conduzida: em alguns momentos se arrasta, tornando o filme um pouco cansativo.
Com direção de James McTeigue – conhecido por dirigir V de Vingança e Ninja Assassino – o filme lembra um pouco o atual sucesso de bilheteria Sherlock Holmes, com uma pequena diferença: não tem Robert Downey Jr. no elenco.
Enfim, não está à altura da obra do famoso escritor americano.

James McTeigue ao lado de Cusack nas gravações

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Repórteres de Guerra


Titulo Original: The Bang Bang Club
Gênero: Drama
Duração: 106 min.
Origem: Canadá e África do Sul
Direção: Steven Silver
Roteiro: Steven Silver e João Silva
Distribuidora: Paris Filmes
Censura: 14 anos
Ano: 2010
     
 Em 1993 uma foto chocou o mundo: mostrava uma criança sudanesa prestes a morrer, curvada, e próximo a ela, um abutre, esperando pacientemente sua presa. A fotografia, batida pelo fotógrafo sul-africano Kevin Carter, recebeu um Pullitzer no ano seguinte.  Mas fez surgir também questionamentos sobre a atitude de Carter após a conclusão do trabalho: será que ele deveria ter feito alguma coisa para ajudar a criança? A situação o levou, tempos depois, a cometer suicídio. Ele fazia parte de uma equipe de fotógrafos, composta também por Greg Marinovich, João Silva e Ken Oosterbroek e que ficou conhecida como The Bang Bang Club, devido a coragem e ousadia demonstradas na realização de seu trabalho na África do Sul. O grupo cobriu as primeiras eleições livres daquele país, após o fim do regime de Apartheid. O filme, dirigido por Steven Silver é baseado no livro The Bang Bang Club, escrito por Greg e João Silva. Somos apresentados à dura realidade dos fotógrafos que trabalham na zona de guerra, destacando-se a frieza dos profissionais, em alguns momentos, frente às difíceis cenas de violência presenciadas. O longa mostra também a triste situação da população local que conviveu com os conflitos durante muito tempo. Repórteres de Guerra, em alguns momentos, lembra um documentário. Característica bem conveniente, principalmente para as cenas dos conflitos. Ponto positivo para o diretor que já realizou alguns documentários e que foi premiado por seu The Last Just Man. Enfim, uma boa opção para quem gosta de filmes denúncia, que retratam de maneira convincente a realidade.

Veja o trailer


Foto polêmica, ganhadora do Pullitzer
Foto polêmica, ganhadora do Pulltizer


Curiosidades:

- Em 2010, João Silva perdeu suas duas pernas ao pisar numa mina, no Afeganistão, trabalhando para o New York Times.
- Greg Marinovich recebeu Pulitzer de Fotografia em 1991, pela cobertura de um assassinato cometido por apoiadores do  Congresso Nacional Africano a um homem que acreditavam ser um espião do Partido da Liberdade Inkatha.        

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Muito Além do Jardim


Nome: Muito Além do Jardim (Being There)
Ano: 1979
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Duração: 130 min.
Direção: Hal Ashby
Escrito por: Jerzy Kosinski, Robert C. Jones
Com: Peter Sellers, Melvyn Douglas, Shirley Maclaine, Jack Warden, Richard Dysart

Nos anos trinta, foi lançado nos Estados Unidos um modelo de teoria da comunicação batizado de Teoria Hipodérmica, chamado também de Teoria da Bala Mágica. Consistia na idéia de que uma afirmação lançada pela mídia seria imediatamente aceita e espalhada entre todos os receptores, em igual proporção, ratificando, nesse sentido, seu poder de manipulação. E justamente, ainda que guardadas suas devidas proporções, o filme Muito Além do Jardim, aborda, entre outros assuntos, a respectiva temática citada. Dirigido pelo diretor americano Hal Ashby, o longa conta a história de Chance Gardner, um homem ingênuo que passou toda a sua vida longe da sociedade, trabalhando como jardineiro em uma casa, onde seu único contato com o mundo é mantido através da tela de uma televisão. Mas chega o dia em que seu patrão morre e Chance se vê obrigado a sair da casa. Leva apenas suas roupas e um controle remoto. Isso mesmo: um controle remoto, o responsável por acionar-lhe o mundo exterior. Confuso e sem identidade, depara-se com uma nova realidade. Mas um incidente mudará por completo a sua história: distraído, é atropelado na rua por um automóvel, pertencente à Eve, esposa de um magnata da cidade chamado Benjamin Rand. Chance é levado para a mansão de Eve com o intuito de receber cuidados médicos. A partir daí, ele começa a cativar as pessoas em sua volta, inclusive o magnata e sua esposa. Na verdade, a experiência social mais profunda vivida por Chance, até o momento da morte de seu patrão, havia sido proporcionada, ironicamente, pela televisão. Suas idéias, seu intelecto, tinham como base o que recebera através do aparelho. Encontramos aí uma forte crítica a possível manipulação da sociedade provocada pela mídia. Torna-se difícil - até inevitável, diga-se de passagem - não comparar Muito Além do Jardim com outro conhecido filme, O Enigma de Kaspar Hauser ( veja crítica ), do diretor alemão Werner Herzog. Apesar de as histórias acontecerem em épocas e contextos sociais diferentes, seus protagonistas apresentam consideráveis semelhanças. Kaspar Hauser viveu boa parte de sua infância e juventude isolado da sociedade, morando em um porão durante quinze anos. Já Chance, como foi dito anteriormente, viveu também a maior parte de sua vida distante fisicamente da sociedade, mantendo contato com o mundo apenas através da televisão. A semelhança entre as histórias é confirmada justamente no momento em que os personagens saem da situação de isolamento e começam a descobrir uma nova realidade, transformando não só suas vidas, mas também a de outras pessoas. Muito Além do Jardim faz não apenas uma importante crítica a manipulação midiática, como também se revela uma excelente parábola moderna sobre a convivência em sociedade.

Curiosidades:


- Muito Além do Jardim foi indicado a dois Oscars: o de melhor ator (Peter Sellers) e ator coadjuvante (Melvyn Douglas).

- Os papéis principais foram bastante disputados por grandes atores de Hollywood, mas um singelo telegrama enviado por Peter Sellers ao escritor do filme deu a ele a grande oportunidade de assumir o papel de protagonista.

quinta-feira, 15 de março de 2012

O Enigma de Kaspar Hauser

Direção: Werner Herzog
Roteiro: Werner Herzog
Gênero: Biografia/Drama/Histórico
Origem: Alemanha Ocidental
Duração: 110 minutos
Tipo: Longa-metragem
Ano: 1974

A começar pelo título original - Jeder für Sich und Gott Gegen Alle (Cada um por si e Deus contra todos) – percebe-se quão polêmico é este filme do diretor alemão Werner Herzog. Polêmico e psicologicamente profundo, diga-se de passagem. Somos apresentados a Kaspar Hauser, um jovem que viveu seus primeiros 15 anos de vida aprisionado em um porão, sem manter contato algum com o mundo exterior. Certo dia é libertado por um misterioso homem que o deixa em uma praça na cidade de Nuremberg, com uma carta e um livro de orações em suas mãos. A partir daí, os moradores o recebem e começam a transmiti-lo todos os conhecimentos necessários para um convívio, diríamos, normal em sociedade. Mas apesar de todos os ensinamentos recebidos, Hauser continuava se distinguindo dos demais. Aos poucos, começaram a surgir em sua mente questionamentos. Por exemplo, ele não acreditava que Deus podia ter criado tudo o que existe a partir do nada. Ao ser ensinado, era-lhe dito que “deveria acreditar no mistério da fé, sem procurar entender”. Progressivamente, foi evoluindo em conhecimentos, mas, ao mesmo tempo, parecia viver isolado em seu mundo. A sua excentricidade aliada à perplexidade provocada nas pessoas fizeram dele atração de um circo local. Talvez a não convivência em sociedade desde o nascimento provocara nele um bloqueio tal que o fizera viver quase que de forma vegetativa. O Enigma de Kaspar Hauser disputou a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1975, onde ganhou três prêmios. Curiosamente, o ator escalado por Herzog para ser o protagonista, Bruno S., era, na época, um artista de rua que fora diagnosticado como esquizofrênico, o que deu ao personagem veracidade e naturalidade. Enfim, um bom filme que provoca interessantes reflexões.