Por
Wanderley Andrade
Quer
ganhar muito dinheiro produzindo filmes no Brasil? É fácil. A princípio, para o
papel de protagonista do seu longa-metragem, escolha alguém que esteja bombando na mídia. Junte a isso um roteiro
de fácil digestão, com diálogos que qualquer criança entenda. Para completar a
receita, busque inspiração no que tem de pior no cinema americano. Pronto.
Agora é só encher os cinemas com 4 ou 5 milhões de expectadores.
Calma.
Isso não é um grito de revolta contra o cinema nacional. Até porque muita coisa
boa ainda é produzida por aqui. Filmes como Cinema,
aspirinas e Urubus (2005), Cidade de
Deus (2002), e o recente Som ao Redor
(2013), são provas concretas disso. Mas, infelizmente, também muito do que
é feito enquadra-se no perfil citado logo acima. Meu Passado me Condena, que estreia dia 25, é um deles.
O
filme é a adaptação da série de televisão homônima, do canal Multishow, escrita por Tati Bernardi. Com direção de Júlia Resende, também responsável pela
série, esta foi a primeira produção brasileira filmada inteiramente dentro de
um navio. Na trama, Fábio Porchat e Miá Mello formam o casal de
protagonistas – por sinal, de mesmo nome. Após um breve início de
relacionamento, decidem se casar e seguem em lua de mel num cruzeiro para a Europa.
Na viagem, encontram Beto (Alejandro
Claveaux), o ex-namorado de Miá, que está casado com Laura (Juliana Didone), uma antiga paquera de
Fábio, dos tempos de escola.
Incrível
como as “coincidências” vão acontecendo, o que torna o filme previsível e desinteressante.
As crises de ciúme entre Fábio e Miá por causa de Beto e Laura, que seria o
mote da trama, ficam em segundo plano, quando mais um personagem é adicionado à
história: Cabeça (Rafael Queiroga), amigo
de infância de Fábio. A partir daí o foco é direcionado à revolta de Miá com
Fábio, que passa a dar mais atenção ao amigo.
Mas
nem tudo é ruim em Meu Passado me Condena. As boas interpretações de Porchat e
Miá são um alento para o filme, ainda que o roteiro apresente algumas piadas
fracas. Enfim, um filme despretensioso, para quem tem apenas a pretensão de
relaxar, sem forçar muito os neurônios.
Curiosidades
- 42
pessoas – entre equipe técnica e elenco – dividiram os onze andares do navio
com cerca de 3,5 mil passageiros;
- A
tripulação do navio e alguns passageiros foram figurantes em algumas cenas;
- O
fotógrafo da equipe, Dante Bellucci, casou-se dentro do transatlântico durante
as filmagens.
Veja o trailer