terça-feira, 15 de outubro de 2013

Meu Passado me Condena

Por Wanderley Andrade

Quer ganhar muito dinheiro produzindo filmes no Brasil? É fácil. A princípio, para o papel de protagonista do seu longa-metragem, escolha alguém que esteja bombando na mídia. Junte a isso um roteiro de fácil digestão, com diálogos que qualquer criança entenda. Para completar a receita, busque inspiração no que tem de pior no cinema americano. Pronto. Agora é só encher os cinemas com 4 ou 5 milhões de expectadores.
Calma. Isso não é um grito de revolta contra o cinema nacional. Até porque muita coisa boa ainda é produzida por aqui. Filmes como Cinema, aspirinas e Urubus (2005), Cidade de Deus (2002), e o recente Som ao Redor (2013), são provas concretas disso. Mas, infelizmente, também muito do que é feito enquadra-se no perfil citado logo acima. Meu Passado me Condena, que estreia dia 25, é um deles.


O filme é a adaptação da série de televisão homônima, do canal Multishow, escrita por Tati Bernardi. Com direção de Júlia Resende, também responsável pela série, esta foi a primeira produção brasileira filmada inteiramente dentro de um navio. Na trama, Fábio Porchat e Miá Mello formam o casal de protagonistas – por sinal, de mesmo nome. Após um breve início de relacionamento, decidem se casar e seguem em lua de mel num cruzeiro para a Europa. Na viagem, encontram Beto (Alejandro Claveaux), o ex-namorado de Miá, que está casado com Laura (Juliana Didone), uma antiga paquera de Fábio, dos tempos de escola.


Incrível como as “coincidências” vão acontecendo, o que torna o filme previsível e desinteressante. As crises de ciúme entre Fábio e Miá por causa de Beto e Laura, que seria o mote da trama, ficam em segundo plano, quando mais um personagem é adicionado à história: Cabeça (Rafael Queiroga), amigo de infância de Fábio. A partir daí o foco é direcionado à revolta de Miá com Fábio, que passa a dar mais atenção ao amigo.
Mas nem tudo é ruim em Meu Passado me Condena. As boas interpretações de Porchat e Miá são um alento para o filme, ainda que o roteiro apresente algumas piadas fracas. Enfim, um filme despretensioso, para quem tem apenas a pretensão de relaxar, sem forçar muito os neurônios.

Curiosidades
- 42 pessoas – entre equipe técnica e elenco – dividiram os onze andares do navio com cerca de 3,5 mil passageiros;
- A tripulação do navio e alguns passageiros foram figurantes em algumas cenas;
- O fotógrafo da equipe, Dante Bellucci, casou-se dentro do transatlântico durante as filmagens.

Veja o trailer

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Gravidade (2013)

Por Wanderley Andrade

Ainda faltam quatro meses para o Oscar, mas alguns nomes já surgem como possíveis escolhidos à estatueta de melhor filme, entre eles Gravidade (2013), do diretor mexicano Alfonso Cuarón. Estrelado por Sandra Bullock e George Clooney, o filme conta a história de uma cientista, a Dr. Ryan Stone (Sandra Bullock), que parte na sua primeira missão espacial, liderada pelo astronauta veterano Matt Kowalsk (Clooney). Destroços provenientes de um acidente com um satélite russo atingem sua nave, deixando-os à deriva no espaço. A história é contada conforme o ponto de vista da personagem de Bullock. Uma trama simples, mas muito bem dirigida.
O que impressiona, à primeira vista, são as belas imagens. O 3D é utilizado de forma coerente, sem exageros, mesmo com sua importância para o filme, já que praticamente toda a história acontece no espaço. Mas não são apenas as imagens que chamam a atenção. Outro ponto a se considerar é a edição de som. Ela é essencial no sentido de provocar no expectador a sensação de estar no espaço ou dentro de uma nave. Acredito que Gravidade também será um dos grandes candidatos ao Oscar nessa categoria.


Destaco a boa atuação de Sandra Bullock, ofuscando até o próprio Clooney, cujo personagem, apesar de carismático, não é bem desenvolvido na trama. Por sinal, algumas de suas falas ficam um pouco deslocadas em algumas situações, até desnecessárias por sinal.
Como todo “bom” blockbuster americano, o filme apela, em alguns momentos, para o emocionalismo ao mostrar, por exemplo, o corpo do companheiro de missão dos protagonistas, com o rosto perfurado por um pedaço de satélite, ao lado da fotografia da família.
Gravidade foi produzido por David Heyman, o mesmo da série Harry Potter. Em seus três primeiros dias de exibição nos Estados Unidos arrecadou 55 milhões de dólares. Sua estreia no Brasil será dia 11 de outubro.

Veja o Trailer

Outros filmes dirigidos por Alfonso Cuarón:

E Sua Mãe Também (2001)
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (2004)
Filhos da Esperança (2006)

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Maridos e esposas



Direção e roteiro: Woody Allen  
        
Gênero: Drama, Romance
 
Duração: 108 min.

Origem: Estados Unidos

Estreia: 18/09/1992

Distribuidora: Continental

Elenco: Woody Allen, Mia Farrow, Judy Davis, Sydney Pollack, Juliette Lewis, Liam Neeson
                 
 

Por Wanderley Andrade

O ano de 1992 não foi fácil pra Woody Allen. Seu casamento com Mia Farrow chegou ao fim, depois que ela encontrou no apartamento do diretor fotos de sua filha adotiva, Soon-Yi Previn, nua.
Coincidência ou não, no mesmo ano, Allen lançou o excelente, Maridos e esposas (1992). O filme conta a historia de Gaby (Woody Allen) e Judy (Mia Farrow), um casal que passa a questionar a própria relação após receberem a noticia do divorcio dos amigos Jack (Sydney Pollack) e Sally (Judy Davis).


A partir daí os desentendimentos começam a surgir, como também o interesse por outras pessoas. Gabe, que é professor de literatura, aproxima-se de uma aluna, a bela Rain (Juliette Lewis), ao mesmo tempo em que Judy se apaixona por um amigo, Michael, interpretado pelo excelente Liam Neeson.


O roteiro de Allen é bem estruturado e os personagens complexos, profundos. Movimentos irregulares de câmera, associados a cortes bruscos de cenas, dão ao filme um ar de documentário. Nada gratuito ou despretensioso.  A intenção é provocar no expectador a sensação de que participa da cena, testemunhando cada situação. Outro artifício interessante utilizado no filme, como forma de reforçar esse perfil documental, é o de mostrar, em diferentes momentos, depoimentos de cada personagem. Objetivo? Dar veracidade à história. Sofremos com eles, quase que sentindo o gosto amargo do fim de uma relação. Mais um ponto pra Allen, especialista em transitar sem dificuldades por qualquer gênero.


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Wolverine: Imortal



Enfim um filme à altura de um dos personagens mais queridos da Marvel. A historia se passa logo após o terceiro filme da franquia X-Men, X-Men 3 - O Confronto Final. Depois de matar Jean Grey (Famke Janssen), Logan (Hugh Jackman) passa a viver na selva como um ermitão. Ele é encontrado pela jovem Yukio (Rila Fukushima) que entrega um recado do pai, Yashida (Hal Yamanouchi). No passado ele fora salvo pelo mutante, quando uma bomba atômica atingiu a cidade de Nagasaki. Yashida apresenta a seguinte proposta: quer que Logan transfira para ele seu fator de cura. Logo após recusar o convite, é infectado por Víbora (Svetlana Khodchenkova), uma bióloga mutante. A partir daí torna-se uma pessoa "normal". Precisa encontrar meios para proteger Mariko (Tao Okamoto), a neta de Yashida, que é alvo tanto de seu pai, Shingen (Hiroyuki Sanada) quanto da máfia japonesa. Seu maior desafio será passar por tudo isso sem o fator de cura. 


O roteiro de Wolverine – Imortal explora os conflitos existenciais do mutante. Sua luta contra a culpa de ter matado a pessoa que amava. Esse é o ponto forte do longa. Claro que quem vai ao cinema para assistir a um filme de super-herói, espera ver muita ação. E tem, mas não de forma desenfreada. Por sinal, uma das melhores cenas do filme é o embate entre Logan e um capanga japonês em cima de um trem bala. Surpreendente!

 
Destaco também a excelente atuação de Hugh Jackman. Difícil imaginar Wolverine sendo interpretado por outro ator. Jackman incorporou de maneira competente os trejeitos necessários ao personagem.
Enfim, um bom filme que, pelo visto, terá continuação.

Dica: Aguarde surpresas após os créditos finais.